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Viver com qualidade até o fim

Entrevistas
10. novembro .2019

Viver com qualidade até o fim

Valencis Curitiba Hospice | Entrevista com Dra. Clarecia

Entrevista com Dra. Clarice Nana Yamanouchi, oncologista responsável pelo Serviço de Cuidados Paliativos do Valencis

É possível evitar que uma pessoa sofra nos momentos finais de vida e que esse sofrimento gere menor impacto aos seus entes queridos, afinal queremos oferecer à pessoa que amamos todo o cuidado necessário e atenção neste momento. Por meio da aplicação dos Cuidados Paliativos o Valencis Curitiba Hospice, primeiro da capital paranaense e do sul do Brasil, será uma alternativa para pacientes portadores de doenças incuráveis e progressivas. O principal diferencial é o foco na qualidade de via e no acolhimento, que deverá ser maior que nos hospitais e clínicas convencionais. Conversamos com a Dra. Clarice Nana Yamanouchi, oncologista responsável pelo Serviço de Cuidados Paliativos do Valencis Curitiba Hospice para saber o que o espaço vai oferecer para aqueles pacientes que estão no fim da vida.

O que é um hospice?

É uma instituição onde você pode aplicar o conceito de cuidados paliativos em pacientes que têm doenças potencialmente letais. O espaço foca no atendimento na fase paliativa das doenças, na qual os pacientes e familiares poderão contar com uma equipe multidisciplinar que vai lidar com necessidades individuais de cada paciente.

O que são cuidados paliativos?

Cuidados Paliativos é definido pela OMS (2002) como, “uma abordagem que promove qualidade de vida de pacientes e de seus familiares diante de doenças que ameaçam a continuidade da vida, por meio da prevenção e do alívio do sofrimento, o que requer identificação precoce, avaliação e tratamento impecável da dor e de outros problemas de natureza física, psicossocial e espiritual”. No entanto, não significa que são cuidados oferecidos somente na fase avançada de alguma doença, os cuidados paliativos devem ser inseridos no momento do diagnóstico de uma doença potencialmente letal para melhorar sua condição para um tratamento específico.

 

Qual a importância para pacientes e familiares em ter estes cuidados especializados?

Toda morte gera um luto para os entes queridos, que poderá ser patológico quando a doença acarreta sofrimento ao paciente e dor nas pessoas que perpassam essa trajetória. Nesse sentido, a equipe multiprofissional considera a família e o paciente como um binômio de cuidado, principalmente na fase avançada da doença. Queremos que as pessoas entendam que a passagem é solitária, mas a despedida não precisa ser. As pessoas podem estar próximas para se despedir.

 

Como você enxerga os cuidados paliativos no brasil?

Em 2010 foi realizado um estudo pela The Economist sobre a qualidade da morte no mundo e o Brasil ficou em 38º lugar, no total de 40 países avaliados. Isso é muito ruim, pois os dados confirmam que as pessoas morrem com muito sofrimento no país. Existe uma força de mobilização do Conselho Federal de Medicina a respeito dos cuidados paliativos para integrar esses serviços e uma forte frente para educar os profissionais da área.

 

A gente nunca está preparado para perder alguém, mas podemos minimizar esta dor e tornar a  morte mais serena e tranquila

 

Quando você fala dessa dor familiar o que o hospice oferece para amenizá-la?

Inicialmente é fundamental para o cuidado com a família, o acolhimento. A morte quando ocorre de maneira tranquila, torna-se menos assustadora. É isso que vamos oferecer, evitando que o paciente sofra nos momentos finais de vida e que esse sofrimento gere uma dor entre os entes queridos. Um dos princípios dos Cuidados Paliativos é entender que a morte é um ciclo natural, e aqui no Valencis não queremos nem retardar e nem acelerar esse processo. Nosso objetivo é melhorar o processo de luto da família.

 

O hospice vai atender somente pacientes com câncer?

Não. Vamos atender doenças ameaçadoras de vida e que precisam de um controle de sintomas. Esse é nosso objetivo. Vamos focar na oncologia, pois nossa equipe é especializada na área, mas doenças neurodegenerativas como Alzheimer, por exemplo, também atenderemos.

 

Como vai funcionar o Valencis Curitiba Hospice?

Vamos atender pacientes que podem ser institucionalizados ou não. Teremos o Hospice In, que contará com as suítes onde os pacientes ficarão hospedados e poderão levar certos detalhes de sua casa para o quarto; além do conceito Hospice Day, que será um local onde os pacientes passarão o dia para receber atendimento especializado e realizar alguma atividade.

 

De onde surgiu a ideia de trazer esse conceito para Curitiba?

O conceito de hospice surgiu na Europa e os primeiros registros datam da Idade Média onde estes espaços abrigavam viajantes e doentes. Muito forte no velho continente e também nos Estados Unidos, hoje os hospices estão espalhados pelo mundo. Como as famílias estão cada vez menores e, na correria do dia a dia, surge à dificuldade em cuidar do familiar que necessita de cuidados paliativos e que muitas vezes acaba internado em instituições hospitalares por longo período submetido a um risco maior de infecção e a um ambiente pouco acolhedor e familiar. O Valencis Curitiba Hospice proporcionará ambiente familiar como de sua casa.

 

Por que a morte nos assusta?

Porque não sabemos o que existe do outro lado.  Eu acredito que é o medo do desconhecido e o medo de ser esquecido.

 

Podemos dizer que é possível o paciente ter uma morte mais serena?

É possível sim. A gente nunca está preparado para perder alguém, por isso, é importante às pessoas compartilharem esta dor que só o tempo ameniza. O fato de não nos sentirmos desamparados já alivia o sofrimento e esta perda torna-se mais serena e tranquila.

 

ESPAÇO HUMANIZADO

“Quando fomos pesquisar sobre o tema hospice, nos deparamos com estruturas hospitalares com atendimento humanizado, mas com infraestrutura fria e impessoal. Criamos um projeto com atmosfera de casa e a palavra acolhimento precisava fazer parte. Dessa forma a divisão interna foi pensada em separar área social da área dos quartos, assim criando privacidade”, explica Luciana Olesko, um das arquitetas responsável pelo projeto.

O diferencial do projeto está justamente na capacidade de proporcionar acolhimento. “Conseguimos ver esses detalhes nos móveis, no design da marcenaria, nos tecidos, na iluminação e no jardim”, reforça a também arquiteta Maria Fernanda Lorusso.

E quem pensa que arquitetura não ajuda na recuperação de pacientes, engana-se. “Quando o ambiente favorece um reconhecimento, acolhimento e aconchego o paciente faz uma conexão com o lugar e equipe, favorecendo a um bem-estar psicológico”, finaliza Luciana.

Entrevista realizada pela Revista VIVER Curitiba 

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